sábado, 5 de julio de 2008

Não Há Cidade Sem Poesia

Não há cidade se não há poesia.
Sem poesia, nao há construção
que mereça a palavra,
a sílaba, o monosílabo,
o gaguejo e a baba.

Não há poesia sem cidade
que a absorva, com sua voz boba
que penetra, filtra e rasga.
Não há poesia sem o labor da letra.

Não há letra que não irmane idéias,
das que permeiam as meninas
que se sentem imunes
a sua lenta podridão.

Não há cidade sem ruído,
golpe fluído do nada.
Não há palavras das que se indagam,
das que necessariamente indignam,

por obstinadas que sejam, por serem xiste,
por serem simplemente triste ou parte
de alguma frase que se perderá ao vento.
Não há cidade se não há cimento,

composição de sonhos em movimento
de uma quase-realidade que deseja
deixar de ser idéia
para ser momento.
Não há cidade, se não há música.

Não há música sem crítica,
complemento do ritmo que é palavra,
frase, riso, vento
que suaviza a testa.

Não há cidade que não nasça
no coração de um ventre.

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