Sobrou-me uma porta,
Não sei de onde,
se aberta ou fechada.
Viva.
Sobrar uma porta é suspeito,
Sem moldura e
morta,
Sem sombras.
Torta.
Sobrou-me a suspeita
Que por essa porta
Não passava,
Não fechava,
Nem vivia
Nada, nem ninguém.
Uma porta que não leva a nada.
Uma porta dentro de uma porta,
Dentro da porta que está
Dentro de outra,
Infindável.
É desse tipo de portas
Que disparam,
Atravancam, trincam, batem no tempo.
Arrebentam o vento.
Pensei em embrulhar a porta
Para salvá-la
De si e do tempo.
E mesmo que hoje ela viva,
Detrás de outra porta ferida,
Ela dá espaço para que esta
Se erga,
Escancare,
E que resista.
Eu sou essa porta envolvida,
Muda e incontável,
Pretensão de adormecer
Um começo.
Que existe, por acaso.
Ou será seu fim.
Voltar à árvore.
Germinar cores.
Buenos Aires, 13/01/2014
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