Ontem, casualmente, percebi que tudo começou muito antes. Tudo começou antes mesmo de que eu escolhesse um caminho. E esse será o ponto de partida: alguns poucos poemas escritos em 1990, quando ainda a decisão e o caminho não estavam e a vida era outra. São mais de dez anos de pouquísimas palavras. Esse é o ponto de partida. Buenos Aires, 23 de dezembro de 2002 Aníbal Menezes Neto
sábado, 12 de noviembre de 2016
Nada a Dizer
Tudo que tenho a dizer
Já foi dito.
Não existe poema
Inaudito,
Não existe palavra que ecoe
Por séculos e que ainda
Tenha alguma coisa a dizer.
Sem perceber
Disso já disse
Heráclito ou Aristófanes,
Aristóteles ou Kavafis,
Apenas para citar gregos.
O que tenho a dizer já ocorreu
Há milhares de anos
A milhares de pessoas e
Seus sentimentos.
O que tenho a dizer
São sedimentos,
Não dizem muito,
Talvez nada,
E ecoará como
Um zumbido de um único grão.
O que tenho a dizer
Não explorará,
Não regenerará,
Não reverberará
Depois da minha morte.
O que tenho a dizer
Se perde num grito
Que não foi,
Nem precisa necessariamente soar
No infinito.
O que tenho a dizer
A ninguém interessa
Mas se me calo,
Ouço o oco do aço
O cabaço, o osso,
Se não ouso falar.
E se me calo,
Indefectivelmente resvalo
Nas sombras das palavras.
E entendo tudo o que em mim
Nunca pode existir.
Buenos Aires, 14/10/16
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