para Jacy
Inquietante como o ruído
quando se enchem meus ouvidos
do silêncio das formas
(e sou oco),
E repleto de espelhos e ociosidades,
marco os passos de um caminho: sempre para adiante.
Já nada ficará para trás.
Serão dias repletos de ausencia, sem exuberância
e pródigos de destinos?
Já nada ficará ileso ao tempo.
Vejo teus olhos espreitando,
mirando-me mirar-te
na dobra da esquina,
na parede corretamente dobrada em seu vinco,
e estás só na cozinha, sempre só
na cozinha, espreitando-me.
Já nada terá aquele mesmo sentido.
Por todos lados digitalizadas
imagens, gestos, tuas cantigas, video,
sons que já não são mais sons, e a tua alma,
só e enclausurada em código,
Livre do tempo e poeiras,
pendentes de luz e luto.
Já nada terá o toque.
Viverás para sempre, para isso,
ou enquanto existir eletricidade.
Dezembro 2003
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