sábado, 27 de agosto de 2016

FALO

Falo
Desde o silencio, falo.
Dessa geografia corpórea,
Dessa geometria amorfa
Desse mundo
Falo.

Falo.
Munido do silencio,
falo.

Dessa intolerancia,
Dessa divergencia,
Dessa incompetencia
Falo.

Falo e não encontro
Eco.
Falo aos ventos, ao mar,
Aos jacarandás, ao bem-te-vi.

Falo à ignorancia,
à arrogancia, à violencia
e me calo.


Calado.

Ungido do silencio,
calo.

Calo.
Mesmo munido de centenas de razoes,
Mesmo sem razoes,
calo.

Calo.
Mesmo atropelado de dúvidas,
Mesmo maltratado de intolerancias,
calo.

E me desperto palavra
E me desencanto em frases
E me desconheço em versos

E sou pena,
pobre versão inaudita de poema,
sincopado como árvore verdejante,
ramificado e enraizado sonho
sonoro, sem caule.

Sou seco.
Sou sexo.
Sou cego.
Sou oco.
Sou som.

                                                                                                      Buenos Aires, 16/12/2015

No hay comentarios.: