Invenções do Sol
Com a sabedoria prematura
De crianças e velhos
(que são a mesma fibra),
observando o minúsculo,
Surcando o desapercebido,
en silencio,
Do assento traseiro do carro,
Enquanto eu o levo ao jardim,
Me disse:
“O sol inventa as coisas:
Os carros, os edificios, as ruas”.
Deslumbramento de luz,
Revelação de sentido
e sentimentos
Da criança
Que contém a criança
Dentro do velho.
Reverberação do tempo,
Do alto do tempo (não outro):
Tempo da água,
Que nos faz sal,
Que nos faz terra,
Que se nos oferece em vento.
É a minha criança e eu, sós,
Donos do nosso silencio.
E choro como a criança
do silencio
Dentro do velho,
Que é meu avô, meu pai e eu mesmo.
E vejo pelo espelho o seu rosto
Junto ao rastro de carros
No teatro da rua,
Que sempre vão
Aonde sempre vamos,
Juntos, rumo ao seu jardim.
E eu vejo a mim mesmo
No espelho,
Numa levitação circunstancial.
E eu lhe digo:
O sol desenha as coisas,
acende cores.
E o vento, sonda os voos.
E o ar se move em sons.
E o tempo é a pior
escravidão do ser.
Buenos Aires, 05/08/16
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